quarta-feira, 29 de junho de 2016

Chá das seis


Aos números ímpares que me fascinam, dou cores.
Em uma ânsia egoísta, saciam-me: indivisíveis.

Cantarolo rosas com lábios coloridos,
enquanto aguardo seus beijos suaves,
seus toques tenros, seus sorrisos solares.

Controlo o tempo com sensações.
Sinto cada toque ao contar os dias em que te vejo.

A mudança sempre me foi inquietação cinza, indigesta.
Acostumei-me a construir passos na concretude dos dias.
É que a transformação me intimida, azul.
E seu céu nublado me angustia.

Sete léguas me confundem a razão.
Cinco lágrimas me embaçam.

Mastigo as paixões alastradas: engulo-as rubras, lentamente.
Amedronta-me a imagem do futuro pálido, o destino doente.
Cansei-me do chá das seis, e do seu par.
Quero dias alaranjados, noites entorpecentes,
ao lado seu.

Sete dias. Sete meses. Sete anos.
Onze vidas. E nada mais.

O seu revés sou eu:
Colorirei suas memórias brancas.

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