Tenho andado egoísta.
Tão egoísta a ponto de prender as
palavras,
de que você tanto gosta, em meus lábios,
dedos, mente.
Impeço minha mão de escrever.
Minhas palavras bailarinas estão se embalando
num ritmo desconhecido.
E isso me atordoa.
Quero que elas saltem papel adentro. Retina
adentro!
Peço a elas movimentos ordenados. Movimentos precisos.
Ensaiados. Cuidadosos. Grandiosos. Sincronizados!
Mas não.
Embalam-se todas - e se embolam.
E isso me atordoa.
É no papel branco onde tenho encontrado a
paz.
Minhas bailarinas gritam! Imploram por contemplações.
Despejo-as em minha paz.
Elas me atordoam.
[E isso me atordoa.]
ResponderExcluirVocê, protagonista deste espetáculo, sente-se atordoada, pois é somente você quem conhece toda a verdade por trás de cada uma de suas bailarinas.
ResponderExcluirEu, que apenas assisto este espetáculo, somente sei de sua beleza final. Somente vejo a serenidade e a paixão que suas bailarinas estampam em seus rostos enquanto se apresentam. Mas não sei de todo o sofrimento que se passa em suas sapatilhas apertadas. Não sei das horas de treinamento árduo para se aperfeiçoar sua técnica e o quanto cada mínimo detalhe te preocupa.
Eu sinto a sua paz, onde repousam suas bailarinas, e aplaudo emocionado ao fim cada espetáculo seu.
E mesmo observando o seu atordoamento, eu permaneço em paz. Pois sei bem que é dele que tirará o tema do próximo espetáculo.
:)
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