Nesta
folha pálida escorregam
os
meus sentimentos
pelos
dedos finos de suave tez.
Vida
desordenada tem este papel adornado:
Ora
esbanja prudência, ora insensatez.
Nunca
está neutro, em suas entranhas
carrega
toda cor que me colore.
Aqui,
nesta descorada lâmina, encontrarás
versos
esguios:
–
adequar-se-ão aos desejos dos olhos teus.
Letras
azuis marcharão aos olhos céticos:
Parolar-lhes-ão
céus e mares – retina adentro, até que haja luz.
Toda
e qualquer palavra amarelada
fará
teus olhos amadurecerem.
E
não haverá, em lugar algum, olhos sem alma,
que
não avistarão meus escritos cantados,
coloridos
de vento.
(Para Duerer, com alguns anos de atraso.)
Imagens muito fortes e bonitas.
ResponderExcluirNum primeiro momento, ao escrever, você tira dessa folha a palidez pintando-a com tinta azul. Tira o vazio de seu reflexo branco e acrescenta-lhe uma única cor.
ResponderExcluirNum segundo momento, ao ler, essa lamina tingida por suas palavras tira de mim tudo que é opaco e me preenche com centenas de cores. Tira o meu cinza e acrescenta-me mil cores.
Essas mil cores entram pelos meus olhos, atravessam meu hipocampo, tingem todo o meu cérebro, correm pelo meu sistema nervoso e explodem nas pontas dos meus dedos exatamente no segundo em que tocam aquelas teclas.
E cada nota representa uma cor. Cada cor, uma palavra contida naquele papel adornado, e cada palavra carrega em si a responsabilidade de suscitar ira, compaixão, ódio, amor, saudade, felicidade...
Assim, de olhos abertos recebe-se essa sucessão dos mais variados sentimentos pelo que se lê. E de olhos fechados os recebe pelo que se ouve. No fim, não havendo como fugir, resta apenas se deixar levar; entregar-se; render-se àquela folha de papel.
Talento =)
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