sábado, 8 de outubro de 2011

Palidez


Hoje eu poderia tentar entender que de nada mais me adianta

implorar que o pano de carne caia sobre seus olhos
para que consigam ver seu brilho quando reconhecem meu corpo.
Abrir seus ouvidos e dizer suas palavras, gritar suas promessas.

Hoje eu poderia ouvir nosso amor em suas canções.
Sua voz clamando por meus olhos, percorrendo meu corpo, tecendo nossos sonhos.
Sua voz, sua voz afirmando que nosso amor é tão grande e tão certo
que não cabe nas palavras que você consegue dizer.

Hoje eu poderia cantar uma canção desesperada.
Mas ela não conseguiria acalmar seu verso aflito,
tampouco sossegar seus sonhos em meu colo, meu bem.
Meu corpo é dor. Meu colo é úmido.

Hoje eu poderia cantar minha canção desesperada.
Bastaria anotar aqui a tristeza do meu corpo:
Explosão descompassada de um coração vazio
e lágrimas ritmadas por tango argentino.

4 comentários:

  1. Então dê mais volume nesse tango. Grite sua canção! Dê-me a honra dessa dança, pois duvido que essas lágrimas durarão após o primeiro "oito milongueiro", se nem mesmo haverá um coração vazio. Molhe o chão... e facilite, a mim, sua condução.

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  2. Também acho que Neruda ficaria orgulhoso... há tempos!!!

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