Os dias se desfarelam e suas
dificuldades tornam-se minhas,
acomete-me a ideia de que seu bloqueio é
causado por mim:
são minhas palavras que te encabulam e
ensurdecem.
Faça isso, faça aquilo – digo.
E você me ignora com a tranquilidade de
quando uma borboleta sai de seu casulo.
[Ou seria ansiedade?]
Anseia tanto por me afrontar, que,
ansiosamente, afronta a si mesmo.
Tateia minha boca com os olhos. Toca
minhas mãos com o pensamento.
Encontra-me na memória em um segundo...
mas não sabe repetir uma frase que eu,
calmamente, acabei de dizer.
Para você, minha boca, se insinuando,
dança com o som que sai dela: que o hipnotiza.
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