segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bagagem


O gosto da noite em tua boca é amargo
quando ela é teu caminho e tua linha sem fim.
Ela me enlaça e me enlouquece...
Qual teu caminho?
Quais passos que devo andar para ir contigo?
Esta noite é tão escassa quando sou tua companhia...
Receio que ela sinta ciúmes de nós.

Trevas ciumentas me atormentam quando estamos longe.
Não há lua nem pontos que cintilam no céu.
É noite e ela me acompanha,
é noite e ela me acompanha enquanto meu corpo padece.

Siga uma reta, por favor.
Por favor, não desvie de mim.
Não desvie de mim.

Dá-me energia para iluminar meu sorriso,
Pois a noite também o apagou.
Meu semblante escureceu...
Dá-me energia, meu amor.
Ilumine meu corpo
e siga esta luz:
Não desvie de mim.

O caminho, decorrido todo esse tempo,
parece mais longo
e a escuridão me angustia...

Falta luz para enfrentar estas pedras,
as estradas
e todo o céu que preciso atravessar para te ter inteiro.

Mais longo o caminho se apresenta. E isso dói.
Dói no corpo cansado, na alma magoada
e também atinge a razão,
que sempre foi preterida ao amor
- pois ele é tanto!

Por isso eu te peço:
Siga uma reta, por favor, não desvie da minha luz,
pois esta tanta bagagem também é tua.

3 comentários:

  1. "Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero."

    [sl 101:2]

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  2. Poxa... Esse tem uma tristeza/aflição q dá pra sentir!'

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  3. Não há noite - ou escuridão - que dure pra sempre.
    Tempo só não é mais relativo do que o espaço.
    E nenhuma forma geométrica, nem mesmo uma simples reta, será suficiente para estar entre dois corpos que se desejam, pois ela não diminuirá e nem aumentará nada... Quem sabe o símbolo do infinito fosse mais convincente, mas nem mesmo ele seria o bastante. Acho que nada, que se ponha no meio do caminho, seria o bastante. A angústia só aumenta. A angústia só aumenta o prazer daquele momento em que não há mais distâncias a percorrer.

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