Em minha cabeça

Há milhares de vozes em minha cabeça:
Todas elas desejam ser compreendidas,
até mesmo as que sussurram ou as que gritam em línguas estranhas.
Elas me deixam atordoada, mas confortam a solidão das minhas ideias.

Em minha cabeça há passos:
Pisoteiam-na e sapateiam tão forte a fim de calar as vozes
que ecoam em minha cabeça e confortam minhas ideias solitárias.

Em minha cabeça Marcela está viva
e emudece as vozes que povoam a minha cabeça
- apenas viaja sem data de volta –.
Talvez eu também deva viajar.

Há morte em minha cabeça:
Cânceres derivados, assassinatos, emboscadas e açoites,
e também suicídio – que só vive em minha cabeça –.

Aqui, em minha cabeça, existem poetas que dialogam comigo,
enquanto durmo,
e me fazem pirraça e inveja por seus longos escritos de 15 páginas
[sem gravuras].

Há uma Eunice que me encanta em minha cabeça
e canta só pra mim, juntamente com o coro das vozes da minha cabeça,
num bosque florido que me recorda a Ilha.

Em minha cabeça há mentiras
que enganam as vozes que me atordoam
e que me enganam também.
Enganam-me também, mas confortam minhas ideias

Há amor em minha cabeça.
Amor de seus criadores e criações e meu amado.
Eles me seguram em seus abraços.

Pablo, em minha cabeça, me diz que sou tão madura
que meu coração amarelado apodreceu.
Isso entristece minha cabeça – onde também há tristeza –
e a rega de lágrimas impuras e amargas.

Há palavras bailarinas em minha cabeça:
Dançam e dançam e dançam, sem descanso;
ritmadas pela cantoria das vozes da minha cabeça que confortam minhas ideias
e minhas palavras dançarinas
que aqui se apresentam: em minha cabeça.