segunda-feira, 4 de julho de 2011

Gênesis 1:4


Nasci sombra de uma Musa,
que destino desajeitado!

Quem dera ainda fosse sombra de um qualquer jogado,
misturar-me-ia com ele,
como se estivéssemos abraçados.

Mas que destino desajeitado: escolheu-me para ficar atrás de musa...
Na busca de seus olhos verdes e cabelos dourados.

Sim, ela voava. Mas eu não voava com ela...
Sombra não sai do chão.
Só quem anda cabisbaixo me encontra.

Que infortuno, que desgraça!

Infortuno de sombra: pisoteada! Mas as cicatrizes de suas feridas não transparecem.
Desgraça de sombra: preterida até para morrer, embora fosse, para isso, a escolhida.

Amaldiçoo o dia em que a lua separou-se do sol.

7 comentários:

  1. Tem que ter muita disposição pra usar "misturar-me-ia". Nem me esperou.

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  2. Tenho sorte em ser fotofóbico.

    E vi que isto era bom.

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  3. Achei bonito, mas como te disse, também achei uma grande besteira. Você não é sombra de nada e nem de ninguém. A primeira vez que te vi você brilhava, eu lembro. rs

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  4. -Me desculpe. Cansado de olhar em volta eu vinha contando os ladrilhos e... Céus...

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  5. às 06:30 o dia ganha a disputa contra a noite... e às 18:30 a noite ganha a disputa contra o dia...
    Mas afinal, o que eles disputam?
    _________________

    Há quem ame musas, assim como há quem ame sombras.

    Nem sempre quem olha pra baixo está triste. Pode ser que apenas esteja procurando, mais perto de si, um motivo pra ser feliz.

    Quem nasceu sombra, aproveita, então, para andar sobre os mares ou tornar-se o que quiser ser, durante a noite, pois só quem é sombra poderá fazê-lo.

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  6. Grata surpresa encontrar seus versos moça.

    "Sobre a colcha" e "Flores de Cemitério" me tocaram particularmente, com "... lembranças, como colchas de retalhos,".


    Um abraço e parabéns

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