Se corrompeu por sua criação e, por enquanto, não quer se desfazer daquilo que cultiva.
E qual o problema nisso?
Ele cultiva seu estrago. Possui um demônio de estimação. Tal como o viciado em cocaína e noutras nocividades, continuará alimentando essa cria destrutiva para consumir até a última sensação de prazer que ela pode lhe fornecer. Mas, não percebe que está sendo consumido na mesma proporção.
Às vezes se sente assustado, porque as raízes entram seu corpo e o dominam. Usam sua voz e se tornam mandatárias de todo norte que havia.
E então ele percebe que é difícil lutar contra aquilo que não se vê. Mesmo quando se acredita cegamente no invisível.
Mas essas raízes já são árvores. E elas sugam todas as suas forças e esperança de não seguir em frente por já não aguentar. Então ele continua sua destruição: cego e sem alento. E seus frutos são podres.
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Um verdadeiro tratado sobre a dependência, venha ela da fonte que seja. Muito bom.
ResponderExcluirA acepção de "norte" no texto , embora nao inédita, é perfeitamente encaixada e a mais bela que conheço para o verbete. Nada ficaria melhor ali.
Excelente!
Devia haver mais gente como você por aí.
:)